quinta-feira, fevereiro 05, 2009

LIVRO 5 - ANJO PORNOGRÁFICO - RUY CASTRO


Nunca fui um profundo conhecedor de Nelson Rodrigues, pois além do livro "A Sombra das Chuteiras Imortais" que li há alguns anos, assisti também a alguns dos episódios de "A Vida como ela é..." que passava no Fantástico. No mais eu tinha total desconhecimento sobre a importância de Nelson Rodrigues para a história da Imprensa brasileira, para o Teatro e para o Cinema, importância que fica clara com o decorrer das páginas dessa bela biografia.

Dos filmes, lembro de "Bonitinha, mas ordinária", adaptação para o cinema de um texto dele escrito para o teatro. A frase "O Mineiro só é solidário no câncer" é uma das lembranças mais fortes do filme, além é claro do estupro coletivo na personagem principal. Rui Castro traz a história da frase, a quem é atribuída (Otto Lara Resende) e como ele detestava ver frases que, jamais saíram de sua boca, serem colocadas nas bocas de personagens das obras de Nelson Rodrigues, principalmente como uma homenagem a um amigo que Nelson estimava e admirava demais por sua incrível inteligência.

Na biografia, Nelson Rodrigues é exatamente isso aí, um cara que cultivava amizades (sempre com pessoas inteligentes) e as cultuava, inclusive dando a cara para bater após o AI5 para livrar alguns desses amigos e parentes e das prisões militares. E olha que esses amigos eram esquerdistas e Nelson Rodrigues descia a lenha quase que diariamente nos sonhadores comunistas. Nelson, por incrível que pareça, era tido em sua época como um reacionário. Quis o destino que seu filho Nelsinho virasse um desses sonhadores, fosse torturado e ficasse preso por 7 anos.

Descobri pelo livro que Nelson Rodrigues esteve no Morumbi para a inauguração definitiva do estádio em 25/01/1970, quando o São Paulo ganhou do Porto por 1 a 0. Foi convidado do Presidente Médici, o mesmo que temendo uma vaia estrondosa no Morumbi devido ao regime de exceção que o país vivia, foi convencido por Laudo Natel a entrar com ele no gramado.

- Dei 20 anos de minha vida por esse sonho e tenho certeza que eles não irão vaiá-lo!

E foi isso que realmente aconteceu, não houve vaia e o gigante Morumbi finalmente era entregue a cidade.

Mas voltando ao livro de Nelson Rodrigues, Rui Castro faz pequenas biografias sobre alguns personagens importantes, como o pai de Nelson, o irmão Roberto e principalmente o irmão Mario Filho, o mesmo que cede o nome ao maior estádio do Mundo, o Maracanã.

O interessante de tudo é que no ano passado li uma auto-biografia sobre Samuel Wainer, outro nome que revolucionou a imprensa brasileira ao lado de Assis Chateaubriand, outra biografia que comecei a ler hoje. Como os 3 personagens viveram em época semelhante, principalmente o período de 1930 à 1960, terei uma ampla visão do poderio da imprensa e dos grandes nomes do período.

Dificuldades, doenças, mulheres, paixões avassaladoras, mais doenças, sucessos, insucessos, doenças, tragédias, talento, são trazidos a tona em mais de 400 páginas de uma biografia bem completa e bem escrita. Gostei demais e recomendo!

sexta-feira, janeiro 23, 2009

LIVRO 4 - COMER. REZAR E AMAR - ELIZABETH GILBERT

Esse é um verdadeiro livro de auto-ajuda, pois a autora descreve suas experiências para fugir da depressão, de um romance tumultuado e das lembranças de um divórcio complicado. A forma escolhida para "tirar o pé da lama" é bem interessante, uma viagem por 3 países e 3 culturas totalmente distintas. O primeiro país é a Itália, onde a autora busca engordar e aprender italiano e onde estão os momentos mais descontraídos dessa trajetória de um ano. O segundo país é a Índia, onde a autora cai de cabeça na meditação e no lado transcedental da vida. É o período mais místico da trajetória. O 3º país é a Indonésia, mais precisamente a conhecídissima Ilha de Bali, onde a autora conhece alguns personagem interessantes e marcantes. Lá ela aprende sobre a solidariedade e reaprende o amor, vejam só, nos braços de um brasileiro.

Todos os personagens são colocados com nomes fictícios, mas de acordo com a autora são reais. Ela se expõe de maneira crua, levanto aos leitores suas experiências variadas, entre elas até as sexuais. O livro é escrito em 108 partes, sendo 36 delas dedicadas a um dos países e a linguagem é simples e pessoal. O legal é que a autora não está escrevendo para ensinar receita de bolo para os que também sofrem, mas sim expondo suas mazelas e as saídas que encontrou para voltar a sorrir e ser feliz. As mulheres, em especial, vão adorar o livro.

Gostei do estilo criativo do livro, mas com certeza esse livro não estará entre os melhores que lerei. Mas mesmo assim valeu a pena.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

LIVRO 3 - PERSUASÃO - JANE AUSTEN



Sou suspeito para opinar sobre Jane Austen, pois adorei as outras duas obras da escritora inglesa que li anteriormente, no caso "Razão e Sensibilidade" e "Orgulho e Preconceito". Em suas obras percebe-se uma facilidade imensa em retratar perfis psicológicos de seus personagens e uma ironia deliciosa sobre a velha e preconceituosa aristocracia britânica, onde lindas mulheres desfilam em salões atrás dos melhores partidos, aqueles que tenham um nome laureado de títulos e honrarias e dinheiro e posses. As suas heroínas são diferentes da maioria dessas mulheres, pois apaixonam-se e sofrem até que o desenlace final coloquem-nas nos braços de seus amados. Sempre existe aquelas senhoras que fazem de tudo para que sua protegida consiga o melhor partido, mas normalmente elas mais atrapalham a heroína do que ajudam.

As heroínas de Jane Austen são sempre virtuosas, verdadeiras "ladies", admiradas por todos que as cercam. E não é diferente nessa obra, com a perfeita Anne Elliot, uma jovem que deixou o cavalo "passar encilhado" algumas vezes, inclusive sendo "orientada" por uma dessas senhoras a não aceitar o amado quando era mais jovem, com 22 anos, já que ele não tinha um nome e tinha apenas a possibilidade de uma carreira na marinha. A obra é interessante também porquê mostra um homem de iniciativa, através do personagem do capitão Frederick Wentworth que parte de uma origem humilde para a Marinha e que alcança influência e status pela força de seus méritos e não através de herança.

Na Inglaterra da época, uma mulher estar solteira com 28 anos demonstra que é uma séria candidata a titia. Esse é o caso de Anne, que vê seu amado e outrora recusado Frederick retornar rico e tornar-se finalmente um bom partido para os outros, apesar que sua família e outras pessoas gostariam de vê-la casada com o primo, que inicialmente encanta a prima com seus modos, mas depois mostra sua verdadeira face e seu jogo de interesses.

Em defesa de Anne, ela recusou Frederick não por cobiça, mas por ter se deixado levar por sua tutora que era contra a união. Seis anos e meio passaram desde então e os ressentimentos e orgulho de Frederick vão sendo deixados de lado em nome do amor. Isso é bonito e Jane Austen mais uma vez retrata a vitória do amor sem ser piegas, o que só explica porquê a obra dela consegue ser tão bem retratada nas telas de cinema.

Feito que só grandes escritores e escritoras conseguem ter.

PS.: O legal da obra é que é uma edição bilíngue da Editora Landmark. Para quem lê em inglês ou está aprendendo, é uma ótima pedida.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

LIVRO 2 - O JOGO DO ANJO - CARLOS RUIZ ZAFÓN




Depois de uma certa decepção com CREPÚSCULO, um tanto adolescente demais, tive o prazer de ler O JOGO DO ANJO de Carlos Ruiz Zafón, um escritor espanhol de muito talento e grande maturidade em sua obra, autor de um livro que teve grande repercussão, vendendo mais de 10 milhões de exemplares em todo o mundo, A SOMBRA DO VENTO.

David Martín é um jovem órfão que mora só e trabalha desde o começo da adolescência em um jornal de Barcelona, recebendo o cuidado de algumas pessoas importantes para a trama, como o velho Sempere, dono da livraria onde David passa momentos mágicos e Pedro Vidal, um escritor de família rica e altamente reconhecido em Barcelona.

Com ajuda dos amigos, David Martín passa a viver apenas dos seus escritos, mesmo que seu nome não apareça em suas próprias obras, publicadas através de um pseudônimo. Apesar de viver da literatura, David está amarrado a dois empresários malandros, que só pensam em seus lucros. Sai da pensão imunda onde vivia e muda-se para um enorme casarão sinistro, não habitado há alguns anos. A partir daí uma sucessão de fatos despenca sobre o leitor, que já se sente preso a obra e fica ainda mais "amarrado à trama". Mistério, mortes, novos personagens e diversas reviravoltas tornam o livro ainda mais atrativo e o desespero em ler o capítulo seguinte é a mágica que acaba tornando o livro sensacional.

Para se ter uma idéia, ontem cheguei em casa do trabalho lendo o livro até a página 280. Li mais de 120 páginas de uma tacada só, das 19h30 às 23h30, praticamente sem conseguir deixá-lo de lado. Todos os livros que exercem essa necessidade de ler a próxima página, são livros que devem ser sempre indicados.

Quem imagina que o livro traz apenas mistério e suspense, vai encontrar personagens muito bem caracterizados psicologicamente e muita sensibilidade. A obra acaba prestando uma homenagem ao prazer da leitura, ao poder místico dos livros que tanto nos cativam.

Quando perguntado se O Jogo do Anjo é melhor que A Sombra do Vento, o autor não tem dúvidas ao responder que sim: “Eu gosto mais. Entre outras coisas porque a anterior comecei a escrever há quase dez anos. Quero acreditar que aprendi alguma coisa nesse tempo. Além disso, é um livro menos tímido. Eu vinha da literatura juvenil, e A Sombra do Vento é deliberadamente mais amável que O Jogo do Anjo. Um dos motivos é porque foi escrita através dos olhos de um menino que estava amadurecendo. Agora fui mais valente e escrevi a irmã perversa de A Sombra do Vento. É mais dickensiana.” E completa: “O Jogo do Anjo é mais interessante porque aprofunda e amplia novos aspectos excitantes da Barcelona dos anos 20. A cidade continua sendo um personagem fundamental, mas agora explorei mais seus aspectos góticos.”

Sobre o autor:

CARLOS RUIZ ZAFÓN nasceu em Barcelona, em 25 de setembro de 1964.
Iniciou sua carreira literária em 1993 com El Príncipe de la Niebla (Premio Edebé), a que se seguem El Palacio de la Medianoche, Las Luces de Septiembre e Marina.
Em 2001 publica seu primeiro romance, A Sombra do Vento, traduzido em mais de trinta idiomas e publicado em cerca de 45 países, já vendeu mais de 10 milhões de exemplares.
No Brasil, o livro figura há mais de um ano na lista de mais vendidos.

Visite o site do autor: www.carlosruizzafon.com

segunda-feira, janeiro 05, 2009

LIVRO 1 - CREPÚSCULO - STEPHENIE MEYER

Tinha uma expectativa maior em relação ao livro, apesar que irá encontrar um grande público entre os adolescentes e os que não resistem a um romance "diferente". A autora encontrou um nicho que a deixou milionária e um personagem que vai ser idolatrado principalmente pelas garotas, o vampiro Edward Cullen.

É uma história de amor entre uma garota comum e um vampiro cheio de adjetivos e superlativos. Ela é atrapalhada, não sabe andar, não sabe dançar, tropeça muito, atrai confusões, além de ser extremamente critica de si mesma e uma pessoa que idolatra a sua paixão . Ele é um vampiro lindo, encantador, forte, ágil e misterioso, mas que não deixa de ser modesto. Ela quer ser imortal e mordida por ele, ele não quer que ela seja imortal, ou seja, não quer mordê-la. Ele, apesar de adotivo, tem uma família invejável. Ela tem pais separados e uma relação de distância em relação a eles. Na escola os outros alunos temem chegar próximo dele, mas ela é popular e muito querida. Ele é de família rica, ela não. O mais legal desse primeiro livro da série talvez sejam essas diferenças que existem entre os dois personagens principais, o que não significa quase nada quando o amor é o mais importante de tudo.

Ao que parece a história já chegou na 4ª parte, o filme vai muito bem nos cinemas americanos e brasileiros, sinal que os personagens Edward Cullen e Isabella Swan ainda continuarão por muito tempo entre nós, rendendo muitos dividendo$ para a autora. Da minha parte acho que parei no primeiro livro mesmo, pois apesar da história ser interessante, não curti muito o estilo da autora. De literatura fantástica, com a presença de vampiros ou outros monstros, prefiro mesmo Mary Shelley e Bram Stocker.